De acordo com os conhecimentos contidos no livro "Tabacos e Cachimbos", de Alfredo Maia (p. 220), mais de 80% de todos os cachimbos de briar fabricados atualmente empregam o ebonite (ou vulcanite) como matéria prima para as piteiras. Outros materiais empregados na fabricação de piteiras são o acrílico e seu sucedâneo aperfeiçoado, a lucite.
A ebonite nada mais é do que a vulcanização da borracha com excesso de enxofre. De acordo com Alfredo Maia (p. 220): "o produto resultante dessa vulcanização é um material duro, rígido, brilhante, bastante leve e sem porosidade e que não altera o sabor da fumaça".
Porém, as piteiras de ebonite apresentam um defeito, exposto por Alfredo Maia (p. 221): "com o uso e passar do tempo, as piteiras de ebonite vão se descolorindo e adquirem um tom esverdeado ou amarelado. Essa descoloração é resultado da oxidação do enxofre pelo contato com a umidade (do ar, da saliva) e da exposição à luz. O enxofre oxidado tende a migrar para a superfície que pode apresentar um pouco de cheiro e sabor de enxofre".
A oxidação, tão conhecida de todos os cachimbeiros, atrapalha o sabor da fumada e o toque dos lábios com a piteira, além de ser desagradável aos olhos.
Há materiais próprios para preservar a piteira e diminuir ou até mesmo evitar a oxidação do enxofre. Destacam-se detergentes específicos para esses fins e óleos e ceras desenvolvidos para cachimbeiros, como o óleo da Obsidian e a cera de polir piteiras da Brebbia. A Dunhill também tem uma linha de produtos destinados à conservação da piteira.
Esses produtos não influenciam o gosto da fumada, pois não possuem aroma. Após a aplicação, forma-se uma camada protetora que garantirá a qualidade do ebonite por mais tempo. Estes materiais, porém, é inócuo quando a oxidação já está presente.
Nestes casos, a piteira deve ser lixada com um motoesmeril com polias de polimento. Como a oxidação se forma na camada superficial da piteira, a aplicação de um motoesmeril literalmente raspa a piteira, ou seja, elimina-se toda a camada superficial da piteira, onde formou-se a oxidação.
Após estudar e ler um pouco na internet: Pipe Smokers Forum, dentre outros, descobri uma técnica caseira de remoção da oxidação. Como os sites são geralmente em inglês, os cachimbeiros acabam mencionando marcas e produtos disponíveis para eles. Tentarei apontar similares.
Inicialmente, deve-se dissolver algumas colheres de um produto chamado "Oxiclean" em água quente, que pelas características de removedor de manchas, é parecido com o "Vanish" e outros encontrados em supermercados:
Deve-se imergir a piteira nessa solução por 5 a 10 minutos, mexendo de vez em quando:
Deve se ter o cuidado de não deixar a piteira na solução por mais do que 10 minutos, pois a solução pode fragilizá-la.
Alguns, ao invés do Oxiclean/Vanish, usam água sanitária, numa solução de 50/50 em água da torneira. Até onde pude aprender, quando se usa essa solução a piteira fica imersa por muito mais tempo. A água sanitária deixa uma superfície rugosa no plástico, que depois deve ser desbastada lixando-a.
Qualquer que seja o método, deve-se tomar cuidado com os logos e marcações na piteira. Uma fita adesiva ou vaselina os protegem bem.
Haverá a formação de uma massa na piteira. Essa massa deve ser removida empregando-se uma lixa a seco ou d'água grão 600. Há lixas dessa natureza à venda no mercado brasileiro, das marcas 3M, Norton e outras. Essa limpeza deve ser feita até que a piteira esteja negra novamente.
Uma das recomendações é que o todo o processo de lixar seja feito com a piteira encaixada no cachimbo, para se evitar que se criem espaços entre a piteira e o cabo.
Uma breve explicação sobre as granulações das lixas (fonte: Wikipedia): lixas são materiais com superfície abrasiva composta geralmente por minerais, e empregadas para polir. A granulação da lixa se refere ao número de grãos de areia por centímetro quadrado. As lixas acima de 600 são consideradas muito finas, empregadas para lustre e polimento. As acima de 1600 são consideradas extremamente finas, empregadas para lustrar joias.
Agora vem a parte mais sensível, o acabamento. Foi altamente recomendado o uso de lixas da marca micro-mesh, que são empregadas para o acabamento em diversos tipo de superfícies: plástico, alumínio, cobre, madeira, metal, polímeros.... de acordo com o fabricante: http://www.sisweb.com/micromesh/.
Essas lixas vêm em graduações extremamente finas, nais quais o grão vai de 1500 a 12000 (30 a 2 microns). No caso das piteiras, a instrução seria aplicar gradualmente todo o espectro das lixas, até que a superfície da piteira esteja brilhando como nova. Esta marca de lixas com granulações tão extremas devem ser fáceis de se adquirir lá fora, porém o mesmo não se aplica ao caso tupiniquim.....
Vê-se claramente que são empregadas lixas muito, mas muito finas, que são destinadas a polimento. O uso do esmeril elimina a necessidade de imersão da piteira em uma solução como a apresentada acima. Como toadas as lixas são para polimento, a imersão inicial prepara a piteira ao 'soltar' a superfície oxidada. Estou em busca de um similar no mercado brasileiro para as lixas da micro-mesh, que chegam ao grão 12.000. Se algum cachimbeiro puder ajudar, é muito bem-vindo. Se eu encontrar, atualizo este post e testarei o processo em dois cachimbos estates que possuo. Caso contrário, o jeito vai ser encomendar de fora, onde o kit completo das lixas custa não mais que US$ 15,00.
Procura em lojas de pintura, eles tem essas lixas pois são utilizadas em polimento automotivo, como você vai utilizar uma folha, pode até trocar uma ideia com alguma oficina de pintura ou algum lava rápido que efetue o polimento e cristalização da pintura do carro, eles com certeza tem essas lixas, não sei se vão ter a 12000 mas a 1200, 1500, 2000, 2500, 3000, 3500, 4000 e 5000 eles tem com certeza.
ResponderExcluirGrande Abraço e boa sorte na empreitada.
Cordialmente
Pedro H. Matheus
Olá, você conhece alguém que trabalha com confeção de piterias de ebonite? tenho peças para reparar e não conhecó ninguem que faç aesse trabalho
ExcluirSe souber , por favor informe
Grato
Salvador
11 9 9433-6000
Moro no Rio, onde os cachimbeiros parecem ter desaparecido completamente. Prazer em ver que em 2016 ainda existem algures pelo Brasil...
ExcluirOlá, o ebonite pode causar algum tipo de intoxicação ou alergia ao usuário?
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